Marcos Guilherme
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Olá,

Meu nome é Marcos Guilherme. Nasci em São Paulo no tempo da garoa, em 1967.

Naquele tempo a garoa caia de verdade na cidade e, talvez por isso, pelo frio, eu gastava boa parte de meu tempo dentro de casa desenhando.

A ilustração já era algo que eu levava a sério. Um pichote artista, numa casa da periferia.

Meu irmão mais velho, numa família de dez irmãos, desenhava e meu objetivo era impressioná-lo com meu trabalho. Será que ele sabe disso? Provavelmente não!

Bem, o fato é que fui trabalhando, trabalhando…

Um dia comecei a fazer caricaturas. Ronald Reagan, General Figueiredo, Margareth Thatcher, Lembra? Pois é, desenhei toda essa turma, tratando de distorcer o máximo possível.

Comprava jornais e colecionava trabalhos de outros artistas: Gepp e Maia, Paulo Caruso, Chico Caruso, Ziraldo. Tudo numa pastinha.

Tinha também uns franceses bons demais: Mulatier, Morchoisne e Ricord. Eu me lembro que já gostava muito do Gerald Scarfe também. “The Wall”, o filme com a trilha de Pink Floyd e os martelos gigantes feitos pelo artista inglês.

Tinha também os bonecos da família real britânica que eu achava o máximo, tanto do Scarfe quanto dos caricaturistas britânicos Roger Law e Peter Fluck.

Assim, como todo garoto, segui firme na influência desses grandes artistas.

Com isso, acabei fazendo um belo portfólio, pois, aos poucos, fui descobrindo meu próprio estilo.

Um dia, envergonhado, mas sob a influência de um irmão mais velho, que é o que poderíamos chamar de “bom cara-de-pau”, fomos ao MASP mostrar meu trabalho para o Pietro Maria Bardi, sem nenhuma audiência marcada.

Entramos no museu com uma tremenda pasta debaixo do braço. Impossível passar desapercebido! Se fosse nos dias de hoje, certamente seríamos abordados pelos seguranças como possíveis ladrões de quadros. Mas, nos tempos da garoa, não se faziam ladrões de museus como os de hoje.

Bem, depois de ouvir um tremendo “não”, por parte da secretária do “seu” Bardi (alguém deve ter dito pra ela que museu é lugar só de ver, e não de mostrar), acabou que o bom velhinho estava passando por ali e, na sua maneira severa, pediu que entrássemos em sua sala. Foi um encontro bacana e muito encorajador. Meu irmão começou a falar no meu lugar, lógico. Eu, calado. O “seu” Bardi perguntou: quem é o artista? Meu irmão apontou pra mim. “Déja u artista falá, vero!” (sotaque italiano). Aí eu gaguejei, mostrei meu trabalho e, para minha surpresa de molecote, o homem o elogiou. Não sorriu, mas elogiou. Triunfo!!!

Bem, depois disso, agarrei a carreira.

Quer que eu continue? Você não veio aqui pra ver meu perfil? Então deixa eu contar:

Um dia peguei a mesma pasta que eu mostrara pro “seu” Bardi e fui ao Estadão. Eu tinha anotado o nome de um jornalista que trabalhava na editoria de Variedades. Resolvi que eu tinha de ser cara de pau também. Me apresentei na portaria. O rapaz não queria me anunciar, claro. Eles nunca querem! Impressionante!

Bem, acho que o porteiro ficou com dó, pois eu suava. Claro que suava! Eu havia descido do ônibus em plena Marginal do Rio Tietê, em São Paulo. Como não conhecia o endereço direito, havia desembarcado na ponte errada. O jornal fica na ponte do Limão, eu descera na ponte da Casa Verde. De carro parece perto, mas a pé, e com uma pasta enorme de portfólio debaixo do braço eu posso afirmar: é longe pacas!

Subi e falei com os editores. Por incrível que pareça, os ilustradores Gepp e Maia haviam acabado de sair do Jornal da Tarde. Me pediram, na hora, uma caricatura do Roberto Carlos, fiz ali minha primeira caricatura para um grande jornal.

Trabalhei para o Jornal da Tarde e para o Estadão por um bom tempo. Com a exposição de meu trabalho em um grande jornal, fui ilustrando para revistas da editora Abril e para agências de publicidade: Norton, Thompson e outras tantas.

Depois de alguns anos, e já com boa experiência, montei, em sociedade com um amigo, um estúdio de ilustração e design gráfico (iniciava a era do “design eletrônico”) com foco principalmente em embalagens: A B+G Designers.

Em 1999, criei o estúdio figuras, em Atibaia. Passei a focar na ilustração editorial, com atenção especial para literatura infantil e infanto-juvenil, além de material didático.

Em 2004, para compreender um pouco mais o outro lado da moeda da produção editorial, dos textos e da educação, estudei Letras.

Hoje moro aqui em Atibaia. Ilustro para diversas editoras do Brasil.

Sou casado, tenho dois filhos e continuo amando meu trabalho. Só não vejo mais a garoa. O que aconteceu com ela? Será o aquecimento global?